EM CRISE, SABESP FARÁ FEIRÃO DE DÍVIDAS E VENDERÁ TERRENOS

O prejuízo financeiro causado pela crise hídrica em São Paulo vai obrigar a Sabesp, empresa de água e saneamento do governo Geraldo Alckmin (PSDB), a “vender as joias da avó”. A expressão é do engenheiro Jerson Kelman, 67, presidente da companhia desde janeiro.

Para arrecadar dinheiro a curto prazo, a estatal irá promover três medidas: 1) colocará terrenos e imóveis à venda; 2) abrirá até setembro um “feirão” com condições atraentes para que devedores públicos e privados possam renegociar seus débitos; 3) e forçará as prefeituras com contas de água em atraso a quitar suas dívidas.

A terceira ação começou já na semana passada, quando a Sabesp enviou para o Cadin (cadastro estadual de inadimplentes) uma lista de 22 municípios que estão com faturas em aberto. “A tolerância acabou”, afirma Kelman.

BALANÇO

Esse conjunto de ações ocorre em um cenário em que a crise hídrica drena recursos da empresa paulista.

Com represas secas e milhares de moradores sob racionamento (entrega controlada de água), a Sabesp vende menos água aos consumidores (reduzindo a sua arrecadação) e, ao mesmo tempo, é obrigada a investir em obras emergenciais para evitar a adoção de um rodízio (corte do fornecimento de água) na Grande São Paulo.

Um resultado da soma desses ingredientes já apareceu no último balanço da empresa. O lucro da Sabesp despencou de R$ 1,9 bilhão, em 2013, para R$ 903 milhões, no ano passado quando a receita bruta dela caiu 6,7%, as despesas aumentaram 13,6% e os investimentos, 18,5%.

A desvalorização do real agravou a situação porque perto de 40% da dívida da Sabesp é em moeda estrangeira.

Para estimular menor consumo de água, a empresa adotou uma política de bônus, com desconto de até 30% na conta de quem economiza. A medida significou perdas de R$ 442 milhões nos cofres da Sabesp no primeiro semestre.

Ela também decidiu cobrar uma sobretaxa que pode até dobrar a tarifa de quem eleva seu consumo. Mas essa receita extra só cobre perto de metade das perdas com os bônus.

RODÍZIO

Kelman, que recebeu a Folha em seu gabinete na manhã da última sexta-feira (17), diz que, apesar do aperto, a Sabesp é uma empresa “sadia”. Para ele, o problema econômico é pontual e será solucionado assim que a crise hídrica passar o que não tem prazo para ocorrer.

“Como estamos enfrentando a crise financeira circunstancial? Com redução de custos e com uma série de medidas. Estamos vendendo as joias da avó”, disse o presidente da empresa, antes de citar o conjunto de ações.

Cauteloso, especialmente por causa dos acionistas da empresa (na qual o governo do Estado tem a maior fatia), Kelman não fala em números: nem quanto estima arrecadar com essas medidas nem qual será o tamanho da anistia nesse “feirão” de renegociação das dívidas.

“Sempre quando são criadas condições favoráveis [de renegociação”>, cria-se um problema. Há alguns que podem não pagar porque acham que pode haver uma anistia no futuro. Mas nesse caso não haverá, porque a situação é absolutamente circunstancial”, afirma Kelman.

Na entrevista à Folha, ele descartou um rodízio de água ao menos em 2015, assim como já fizera o governador, e disse que as obras emergenciais da Sabesp para evitar um rodízio, como a transferência de água entre mananciais, têm consequências ambientais “desprezíveis”.

Engenheiro civil e Ph.D em recursos hídricos, afirma que a conta de água em São Paulo “é baixa comparada a qualquer coisa” e que, nos próximos 12 meses, a Sabesp vai mandar para a Arsesp, agência reguladora paulista, um novo modelo de estrutura tarifária que, entre outras mudanças, vai unir as contas de água e de esgoto, hoje calculadas separadamente

Fonte: http://revistadae.com.br/site/noticia/11211-Em-crise,-Sabesp-fara-%60feirao%60-de-dividas-e-vendera-terrenos



Publicado em: 20/07/2015

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